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Foto do escritorURRO

Paulo Reda




Ela



“O luto que une o cérebro às entranhas|”.


“Estrela Roxa” – Mário Faustino”



Como te vejo, sempre...


não como figura cotidiana,


mas parada no alto da escada,


a mão como uma flecha a apontar


para o peito do ímpio,


que retorna aturdido à caverna.


O que era sonho volta a ser sonho.


Tua ausência transforma-me no que eu mais temia.


O homem da casa! Não aceito, fujo, pra onde?


Afogo todas as ilusões.


Nunca aguardei teu beijo antes de dormir, confesso,


o que não foi não poderia ter sido,


esgotámo-nos.


O choro incomum desperta a casa,


a náusea vem como lembrança ruim,


do desconsolo da infância.


Em tuas gavetas emboloradas busco uma resposta,


mas só encontro outras perguntas, em sorrisos juvenis.


Passei a vida a construir


com restos de embarcações


o meu cais.


Todo o orgulho da obra, porém,


nesse momento se esvai.


E digo, com renovado temor:


sou insuficiente!


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