Palimpsesto
- URRO
- 24 de mar.
- 1 min de leitura
Diário visual
Por Manuela Camargo
Obras documentam vivências, delírios, memórias e sonhos, sempre partindo do desenho, em um processo contínuo de ficção e registros da própria imagem. O trabalho busca ir além da representação da autoimagem, transformando o autorretrato em um campo de possibilidades narrativas e conceituais para abordar questões mais amplas.
A prática artística assume o formato de um diário visual, onde entrelaça memórias reais e fictícias, sonhos, delírios e fatos concretos para criar uma realidade própria. O corpo, o gênero e o sexo emergem como eixos fundamentais de investigação, aproximando questões biológicas de experiências pessoais.
A metamorfose de insetos, como a muda da cigarra, é um dos elementos que utiliza para estabelecer conexões entre transformações naturais e os processos de mudança que vivência.
O hábito de colecionar surge organicamente como extensão de seu processo criativo. Caminhando de forma atenta e sensível, coletamos fragmentos da natureza que encantam, como peles, cascas, ossos, folhas e sementes, que passam a compor o ateliê, transformando-o em um espaço híbrido que evoca a atmosfera de um gabinete científico.
Essa prática entrelaça processos pessoais e biológicos. Simbolicamente, se encontra nas cascas de cigarras, nas peles de cobras, no movimento dos galhos e no enraizar das plantas.
A poética se estabelece nesse território liminar, onde transformações pessoais e naturais dialogam e se refletem mutuamente, consolidando a pesquisa como uma investigação sobre as camadas da existência.









Manuela Camargo é graduanda em Artes Visuais na Universidade Estadual de Campinas. Desenvolve uma produção artística que engloba desenho, fotografia, pintura, gravura e escultura, explorando narrativas autobiográficas de autoficção por meio do autorretrato.
コメント