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Foto do escritorURRO

Maurício Simionato


Ex-fogo


Algo está pra desabar

e chega entre pedacinhos de fuligens de caos,

que bailam um a um em queda livre.


São ex-matas que vêm ao chão em cinzas.

Ascendem em fumaças

e arrastam-se na brisa da Terra em brasa

por correntezas aéreas que se avultam.

e pesam sobre cabeças errantes.


Confundem abelhas que esvoaçam

desnorteadas sem por quê.

Que fazem um zum-zum-zum

dissonante sem por quê.

Morrem confusas, por instinto.


Chega a chuva ressecada

de ex-chamas

forjadas em silêncios insidiosos.


A pipa no céu

não tem culpa.

Paira desgovernada entre

pássaros esparsos

sem por quê.


Em nossos solos

nossos ossos navegam

entre brevidades insossas.


Mais uma cinza escura ziguezagueia

perto de mim

por nevoas de poluentes.

Passa ao meu lado

e a ataco por reflexo

sem por quê,

achando ser um inseto.


O sol desaparece

por detrás de um céu

esbranquiçado

de ares turvos.

Por quê?

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