Ex-fogo
Algo está pra desabar
e chega entre pedacinhos de fuligens de caos,
que bailam um a um em queda livre.
São ex-matas que vêm ao chão em cinzas.
Ascendem em fumaças
e arrastam-se na brisa da Terra em brasa
por correntezas aéreas que se avultam.
e pesam sobre cabeças errantes.
Confundem abelhas que esvoaçam
desnorteadas sem por quê.
Que fazem um zum-zum-zum
dissonante sem por quê.
Morrem confusas, por instinto.
Chega a chuva ressecada
de ex-chamas
forjadas em silêncios insidiosos.
A pipa no céu
não tem culpa.
Paira desgovernada entre
pássaros esparsos
sem por quê.
Em nossos solos
nossos ossos navegam
entre brevidades insossas.
Mais uma cinza escura ziguezagueia
perto de mim
por nevoas de poluentes.
Passa ao meu lado
e a ataco por reflexo
sem por quê,
achando ser um inseto.
O sol desaparece
por detrás de um céu
esbranquiçado
de ares turvos.
Por quê?
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