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Editatorial

Chega de falar deles



A edição #13 é emblemática. Foi concebida entre o primeiro e segundo turno das eleições presidenciais. Talvez um dos momentos mais turbulentos da nossa história, que infelizmente não acabou. Parcela do país ainda se aliena, com as traiçoeiras produções de mentiras disparadas por robôs controlados pelos donos do golpismo, com o que há pior nos regimes antidemocráticos.


Os sonhadores do apocalipse, que não aceitam as regras do processo, seguem nababescamente nas portas dos quartéis e quebrando estradas para paralisar o país. A troco de quê? Enquanto isso, os neonazistas de plantão matam gente, vomitando ameaças fedorentas em escolas e universidades.


Mas chega de falar deles. Durante a nossa etílica reunião de pauta, o sentimento era que essa edição deveria trazer o calor da esperança de um novo Brasil, mesmo com toda a tensão presente em cada momento.


E a URRO! sentia-se na obrigação de registrar, de alguma forma, a manifestação de milhares de pessoas que estiverem presentes nas ruas lutando por um país sem preconceito contra mulheres, negros e índios; pelos direitos das pessoas LGBTQIAP+; pelo fim do desmatamento da Amazônia; por uma educação pública de qualidade; por um Sistema Único de Saúde que se paute pela ciência; pela valorização da cultura entre outras coisas.


Lembramos de Diogo Zacarias, fotógrafo oficial da campanha de Fernando Haddad ao governo do Estado e que acompanhou de perto as visitas de Lula ao Estado. São registros emocionantes que mostram a força de um povo sedento por mudanças. É justamente uma das belas imagens de esperança capturadas por ele que escolhemos para a capa da edição.


Paralelamente, Marcel Cheida, professor da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas, analisa as origens do golpismo e sua relação com novos métodos de propaganda político partidária que aniquilam o diferente e se ancoram na superficialidade das redes.


Na área cultural a URRO! traz os bastidores de produções de artistas aqui da cidade de Campinas. Na editoria Tom Sobre Tom você poderá conhecer a profunda pesquisa musical sobre as músicas de protesto no mundo, feita pelo violinista, compositor, arranjador e produtor musical, Ernani Teixeira, para o show Sons de Liberdade.


Em Câmara Escura, Hamilton Rosa Jr, cineasta independente do interior de São Paulo, revela as dificuldades de produzir seu filme “Meninas” durante a pandemia. Na editoria Palimpsesto, temos a participação do premiado artista, professor do Curso de Artes Visuais da PUC-Campinas, doutor em Artes pela Unicamp e curador do Museu Olho Latino, Paulo Cheida Sans. No texto que introduz sua trajetória como gravador, ele explica o que o move a criar neste campo entre o humor e a ironia com seus homens engravatados e narigudos.


A resistência também se faz pela poesia e a URRO! convidou poetas e escritores que acabaram de formar Coletivo Bambu para disponibilizar seus poemas para o nosso seleto público. Entre tantos os outros textos da edição, merece destaque o trabalho de mestrado do jornalista Marcelo Andreotti sobre o Setor, tradicional reduto cultural de Campinas na década de 80.

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