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Atualizado: 8 de set. de 2022

Aprisionados no país do futuro



Somos uma nação capturada. Nosso passado segue sendo jogado para debaixo do tapete pela elite do atraso, ainda colonialista e colonizadora. Anestesiados, assistimos brasileiros relegados ao destino de não ter sequer uma aposentadoria digna, uma refeição e uma velhice com o mínimo de qualidade.


Há uma ferida ainda exposta na carne-terra da nação. E não há futuro que cure isso completamente. Mas a cicatrização sempre é possível de ocorrer. As feridas do passado e do presente só podem se tornar realidade com Democracia e investimentos e projetos sérios em educação, saúde, meio ambiente, habitação, além de programas de geração de empregos e de redução da desigualdade social e da fome.


É preciso romper com urgência este aprisionamento ao futuro que não chega. Mas para isso, é necessário também reconhecer e reparar a desgraça que foi o período de mais de 300 anos de escravidão de populações afrodescendentes no Brasil e o extermínio dos povos indígenas, além do ritual exploratório e degradante das riquezas naturais do país. O progresso da nação segue amarrado por estes crimes históricos, que se perpetuam no cotidiano de nosso presente.


Enquanto não prestarmos conta definitivamente desse passado e presente, continuaremos aprisionados a este tal "país do futuro". A “locomotiva” chamada Brasil segue rumo a uma estação que já passou, abandonando uma legião de passageiros perdidos na ignorância e na pobreza extrema, enquanto leva no vagão de luxo uma elite que assiste a uma miragem confortável e ilusória, passando pela janela.


No próximo dia 2 de outubro, temos mais uma vez, a chance de iniciar, mesmo que discretamente, esta mudança nas eleições nacionais. Mas para isso, precisamos derrotar no voto e nas urnas eletrônicas o negacionismo científico, as fake news, o racismo, o preconceito, o ódio e o fascismo.


Para isso, A URRO! tenta dar sua parcela de contribuição, valorizando o pensamento crítico, a reflexão e o incentivo a todas as formas de cultura. Nessa edição, Cecília Gomes e a fotógrafa Fabiana Ribeiro foram desvendar todos os detalhes da casa-atelier do Neneco Martins, e descobriam uma história de vida dedicada a arte. Fabiano Carriero apresenta suas obras poéticas, recheada de simplicidade e cores fortes, com temáticas que extrapolam os elementos da brasilidade.


Nas lentes de Kamá Ribeiro, o olhar invisível das ruas. E nas poesias de Gonzalo Dávila Bolliger o sonho, a morte, a infância, a alienação das cidades, os mitos, a busca incessante pela paz. Por meio desses e de outros textos, URRO! mostra um caminho, um rumo, um norte para o país. Que venha então, definitivamente, o futuro.

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