Urrar é forma de resistência.
É um alerta de que, aqui, nesse pulmão, ainda há força para lutar.
Mesmo que seja pelos resquícios de sobrevida.
Um jeito de mostrar a que se veio ou a que viemos.
Recurso supremo de perpetuação das espécies.
Um jeito de emitir barulho com as próprias forças em direção a quem tiver ouvidos.
Tentativa de afastar ameaças de todos os tipos.
Urro é lugar de fala da liberdade que tem fome.
É ato democrático por natureza.
Agora, fica decretado que é garantido o direito de urrar com todos os fôlegos a todos os seres.
O urro insurge contra as tentativas de intimidação.
É possível urrar de dor. É possível urrar de amor.
É como mostrar as garras afiadas ao som do mar e à luz do céu profundo.
Urre arte! Arte urre!
Substantivo acessível a todas as cores e gêneros.
Voz própria a se soltar na imensidão dos dias e das noites
Grito que ecoa pela floresta escura e no coração da mata.
Bramido a ganhar as ruas das cidades, apartamentos, bares, lares e hospitais.
É também ação suprema de felicidade efêmera durante os Carnavais.
É estampido seco do som do tesão.
É máquina de espantar fascistas!
O planeta também urra ao som de terremotos, maremotos e trovões
E pra você que não entendeu,
não perde por esperar.
Okê Aro! Okê Odê!
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