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Foto do escritorURRO

Daniel Soares




Queima esta coisa.


Não consigo definir.

Larva que passeia.

doída, teima em sair,


Escava, procura saídas

do peito ao cérebro,

cutucando saudades

de coisas não vividas.


Engravida e semeia,

aparece em sonhos,

fantasma brincando.

Insano, esconjuro,

esta maldita sereia.


Pula em pulsões,

até que irritado

reluto, refugo,

e mentiroso declaro:

besteira, tolice,

são só comichões.


A coisa é teimosa,

sem que saiba o que é,

me arrebata e seduz.

Logo me vence,

e, passado o susto,

se mostra formosa.


Pulsão explodida,

realiza meus sonhos,

dá vida às coisas,

remodela a memória

e faz fruto parido.


Do parto e da dor,

do peito e do cérebro,

que teimaram em sair,

me vem um langor.


A larva ao sair,

sem que a defina,

me faz existir.


Queima coisa, queima.

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