Queima esta coisa.
Não consigo definir.
Larva que passeia.
doída, teima em sair,
Escava, procura saídas
do peito ao cérebro,
cutucando saudades
de coisas não vividas.
Engravida e semeia,
aparece em sonhos,
fantasma brincando.
Insano, esconjuro,
esta maldita sereia.
Pula em pulsões,
até que irritado
reluto, refugo,
e mentiroso declaro:
besteira, tolice,
são só comichões.
A coisa é teimosa,
sem que saiba o que é,
me arrebata e seduz.
Logo me vence,
e, passado o susto,
se mostra formosa.
Pulsão explodida,
realiza meus sonhos,
dá vida às coisas,
remodela a memória
e faz fruto parido.
Do parto e da dor,
do peito e do cérebro,
que teimaram em sair,
me vem um langor.
A larva ao sair,
sem que a defina,
me faz existir.
Queima coisa, queima.
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