Todas as formas de conviver com a arte de Neneco Martins
Por Cecília Gomes
Visitar o ateliê-casa do artista plástico dá a sensação de passear por uma ilha onírica. É como se tivéssemos a nosso bel-prazer uma infinidade de possíveis leituras desencadeadas por livre associação a cada canto da casa, cada cômodo - da varanda ao banheiro, passando pela cozinha e até mesmo seu quarto. A contemplação do espaço ou a simples permanência para um dedo de prosa sempre é acompanhada de uma boa trilha sonora que ecoa de sua TV.
Dezenas de espécies de plantas fundem-se com suas obras coloridas criando cenários encantadores e também inusitados. Seu ateliê-casa ou casa-ateliê localiza-se agora em Monte Alegre do Sul, circuito turístico no interior paulista.
Assista o vídeo da entrevista
Convidamos Neneco a participar da editoria Convescote da URRO! e ele gentilmente nos recebeu em sua casa-ateliê no dia 6 de agosto, para compartilhar memórias e perspectivas sobre seu trabalho. A conversa fluiu como um passeio despretensioso pelo território onírico onde habitam suas criações.
Plantas fundem-se com obras coloridas, criando cenários encantadores e inusitados
Um assunto vai puxando outro e as datas e localização no tempo simplesmente não existem para Neneco. Aliás, demorou para que eu pudesse descobrir sua idade - feito que só consegui ao preencher a papelada para inscrição em um edital para sua participação na Virada Sustentável de Campinas, em abril de 2019.
Depois desta exposição, ele realizou mais uma na programação pelo Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, na Estação Cultura. A mudança para Monte Alegre do Sul ocorreu no final de dezembro de 2019 - três meses antes do Brasil reconhecer e sentir os impactos da pandemia mundial. A casa-ateliê que ele ocupava estava arrolada em um processo judicial reativado pelo Banco Santander e antes que fosse definitivamente tomada pela instituição financeira, Neneco - ser mutante por natureza - mudou-se mais uma vez.
Sua casa-ateliê em Monte Alegre do Sul reúne uma infinidade de possíveis leituras desencadeadas e arrojadas para seu tempo
Abrir as portas de sua casa-ateliê à visitação é uma prática natural para Neneco. Quando morou na capital, entre o Bixiga e a Bela Vista, sua casa era o refúgio de adolescentes e artistas consagrados, como Edson Celulari, Cláudia Abreu, Júlia Lemmertz, entre outros. Lá, compartilhou sua sabedoria e ensinamento de artes para toda uma geração. Muitos se enveredaram para a área artística e até hoje nutrem afeto e apoio a Neneco, como por exemplo, o maestro Marcello Amalfi, compositor e professor doutor do Departamento de Artes Cênicas da USP.
Em seu livro “A macro-harmonia da música do teatro” (Editora Giotri - 2015), para contextualizar os leitores sobre as origens do tema de sua pesquisa de mestrado sobre a relação criativa do compositor Jean-Jacques Lemêtre com a encenadora Ariane Mnouchkine no Théâtre du Soleil, Marcello Amalfi retratou muito bem o universo que Neneco oferecia aos jovens que passavam o dia em sua casa-ateliê.
“Minha primeira experiência como músico no universo teatral ocorreu no início da década de 1990. Na época, eu frequentava a residência do artista plástico Neneco Martins, na rua Treze de Maio, no Bixiga, em São Paulo. Foi lá que eu e boa parte dos jovens que viviam na região tivemos o primeiro contato com o fazer artístico. Além da própria casa-atelier, praticamente forrada de máscaras de gesso ou papier mâché e pôsteres de trabalhos teatrais, ele também disponibilizava um rico acervo de livros sobre arte, teatro, ilustrações, revistas nacionais e importadas de histórias em quadrinhos, discos de jazz, rock, pop, blues, black-music, soul etc", relata o maestro.
A experiência que Neneco proporcionou a Marcelo Amalfi e a tantos outros jovens carrega o aprendizado de sua vida e a convicção de que cultivar o convívio com a arte e as relações de generosidade e companheirismo são essenciais. Por isso, em todos os locais onde viveu, Neneco montou e abriu a sua casa-ateliê para que pudesse ser a casa de encantamento e aprendizado das artes de maneira inteira a quem se aproximasse.
“Eu vejo como algo muito importante a frequência no lugar que tem arte. Não é uma escola; é um espaço que se faz arte. Vai lá ver arte, vai lá fazer, vai ouvir. É melhor do que ter um projeto com escola, com propostas que não funcionam. Porque a pessoa não vai. Ela só vai quando ela se sente na liberdade e com liberdade no lugar. Isso era muito legal. Com o ateliê na comunidade a criança e adolescente procura você a qualquer hora, não só na hora da atividade”, observa Neneco.
Neneco em processo criativo com jovens no litoral norte de São Paulo. Foto do acervo pessoal de Ana Rosa Sanchez da Silva e Werner Rudhart
Relembrando como se davam os contatos profissionais na época em que morou em São Paulo nos anos 1980 e 1990, o artista conta que ele era conhecido com o artista do impossível e do absurdo.
“Você ia fazendo os trabalhos de acordo com o que ia rolando. Aparecia um comercial de televisão e aí o pessoal falava ‘a única pessoa que pode fazer essas coisas absurdas é o cara da Bela Vista. Ou a única pessoa que pode fazer esse espetáculo desse jeito é o cara lá da Bela Vista.’ Eu era conhecido pelas coisas exóticas e impossíveis. Então, fazia muito desfile de moda, trabalhei muito fazendo adereços para desfiles com o Paulo Borges, criador do Morumbi Fashion Week, que conheci de um espetáculo do José Possi Neto. E para fazer esses adereços, fazia o orçamento já empregando uns dez, quinze moleques que ficavam comigo lá no ateliê”, lembra Neneco.
Por muitos anos Neneco foi aderecista da escola de samba Vai-Vai. Nesta foto, ele trabalha em um adereço para a ala Sente o Drama. Foto: Werner Rudhart
A parceira de performances e criações, a atriz e dançarina Zenaide Zen (1956-2011) experimenta o adereço feito por Neneco. Juntos fizeram várias performances na casa de shows Madame Satã, em São Paulo. Seu belo rosto está eternizado em diversas esculturas feitas por Neneco a partir da forma de sua face. Foto: Werner Rudhart
Neneco coleciona muitas histórias curiosas sobre a cena teatral paulistana. Ele foi diretor de cena, maquiador e confeccionou adereços do consagrado espetáculo Macunaíma (1978), dirigido por Antunes Filho e com direção de arte de Naum Alves de Souza.
A própria Zenaide Zen foi conduzida ao elenco de Macunaíma, de Antunes Filho, em 1978 por obra de Neneco. “Eu incentivei ela a ir lá fazer o teste. Antunes precisava de uma atriz e a levei. Ele fez o teste de texto e a aprovou de cara. Eu falei: faça o teste de corpo porque eu te conheço, Antunes… depois você vai ficar falando…”.
Já aprovada para o elenco, Neneco levou-a ao barbeiro para raspar todo o cabelo de Zenaide. “Todo mundo falou que a gente estava louco, que onde já se viu fazer uma coisa sem o consentimento do Antunes e do Naum. Mas foi essa imagem de Zenaide, uma mulher negra, careca, com sua pele oleada reluzindo que estampou a capa do New York Times”, lembra Neneco.
Ismael Ivo em cena de Labyrinthos, com cenário e figurinos criados por Neneco. Foto: KD Willamowski
Outro trabalho de projeção internacional do qual Neneco fez parte foi a montagem Labyrinthos com o dançarino e coreógrafo Ismael Ivo (1955-2021). Neneco fez o cenário, figurinos e adereços deste espetáculo que o levou a viver por um período na Alemanha, no início da década de 1990, em convivência ainda mais próxima com o amigo Ismael Ivo.
Neneco fez por muitos anos aulas de balé clássico no Teatro Municipal de São Paulo e chegou a fazer parte de elenco de peças teatrais como ator, mas segundo ele não deu muito certo.
”Porque eu não gosto de trabalhar como ator. Fiz parte do elenco de atores negros do espetáculo “A Viagem” (1972), com direção de Celso Nunes. Foi nesse elenco que conheci os amigos Alberto Camarero (escritor, cenógrafo e artista plástico) e Ney Matogrosso. Aliás, os primeiros espetáculos de testes de Ney Matogrosso como Ney Matogrosso foi com a gente. A gente saía do espetáculo umas onze e meia da noite e Ney ia fazer o show dele para umas 40 pessoas numa salinha que tinha ali no Teatro Ruth Escobar e a gente era a galera que ia junto. Aí eu desisti de ser ator porque achei mais legal ficar trabalhando atrás pelo trampo que dava. Comecei a ver a montagem do Ney Matogrosso para entrar em cena e nunca tinha água, ‘cadê meu chinelo?’ Aí eu falei: não tem ninguém que ajuda? Foi aí que comecei a gostar de ajudar nesse sentido, como contra-regragem e diretor de cena - que é mais sofisticado porque eu me especializei literalmente e comecei a fazer interferências em figurino, maquiagem, cabelo etc”, revela o artista.
O início
Quando indagado sobre em qual momento ele se percebeu como um criador, como um artista, ele responde: “Isso foi desde criança e meu pai odiava. A primeira memória é de modelar em argila dentro do quarto onde morava com meus irmãos no conjunto dos bancários, em São Paulo.”
Pergunto se a argila vinha da escola e ele responde enfaticamente:
“Nada! Eu pegava lá no barranco. Não tinha formação. Nunca tive formação nesse sentido. Fazia pesquisa por conta própria, construía isso no meu quarto e tinha que esconder do meu pai. E às vezes eu chegava da escola e ele já tinha jogado fora. Fazia figuras humanas, desenhos croquis para tentar fazer as coisas, e eles rasgavam. Fazia pesquisa de material e aí eles achavam aquilo tudo muito esquisito porque meu pai era bancário… E você imagina ele chegar em casa e ver o filho fazendo aquelas mulheres nuas, aquelas coisas. A formação fui tirando daí, com amigos.”
O artista plástico faz do lixo seu elo de ligação com a rua; um convite à criação
Neneco conta que a saída era fazer sua arte na casa dos amigos. E era no convívio com os irmãos George e Eder, na época alunos do Colégio Equipe, que Neneco encontrava o porto seguro para experimentos e criações. Foi esta convivência que levou Neneco a dar os primeiros passos para viver de arte.
“A gente tinha entre 15 e 16 anos. A coisa era tão maluca que eu não podia fazer obras de arte na minha casa. Então fazia na casa do George Thomaz e a gente vendia no Embu. Foi no Embu que eu conheci a Ana (Ana Rosa Sanchez da Silva foi companheira de Neneco). Nossa que história! Que coisa! Saíam umas bolsas de couro e a gente tinha a força do pai e da mãe deles, que ajudavam dando ideias.”
Neneco Martins e Ana Rosa Sanchez da Silva. O garoto precisava de uma foto com um casal hippies para uma gincana. Apesar de avesso a rótulos, Neneco posou. Foto do acervo pessoal Ana Rosa Sanchez da Silva
O ambiente acolhedor para as criações levou os irmãos, amigos de Neneco, a seguirem seus caminhos também como artistas. George Thomaz é um reconhecido artista plástico e hoje reside em Uberlândia. Na página de Neneco no Facebook, George escreveu: “Meu amigo mais longevo! Conheci o Neneco no ano do Woodstock: 1969. Muitas histórias! Daria um livro!”.
Eder Jorge Paiva Ribeiro é terapeuta, compositor e intérprete de suas obras. “Conheci o Neneco ainda garoto. Morávamos na zona norte de São Paulo e ele era amigo do meu irmão mais velho. Ficamos amigos também. Neneco é, por natureza, um agregador. As casas onde morou sempre foram ponto de encontro de todo tipo de gente, de diferentes faixas etárias, gêneros, ideologias… Muita música, conversa boa e arte rolavam por lá. Seu trabalho reflete o que ele é. Alegria pura!”
Estilo blac power pintado de loiro: autenticidade o levou a ser preso durante a ditatura militar
Se por um lado a casa dos amigos garantia o ambiente seguro para suas criações, nas ruas da capital, sua autenticidade o levou inúmeras vezes a ser preso durante os anos de ditadura civil-militar. Negro, estudante, artista, cabelo black power pintado de loiro. Esperar ônibus na madrugada quase sempre terminava em prisão. “O delegado me via e falava: ‘ você de novo?’ Eu respondia: pois é! E me liberava”.
Capital, litoral e interior
Antes de se instalar na bucólica e pacata área rural de Monte Alegre do Sul, Neneco montou seu ateliê-casa em Campinas entre 2017 e 2019. Foi nesta época que o conheci. O artista tinha se mudado do sertão de Camburi, em São Sebastião, por conta de uma enchente que danificou boa parte de seu acervo. Ele já havia passado por outras antes, mas esta o fez buscar um lugar mais seguro para refazer e reconstruir suas criações em papel machê, tragadas pelas águas das chuvas litorâneas.
Obra com reaproveitamento de madeiras e palets, suportes para seu processo criativo
A matéria-prima para as criações de Neneco Martins é aquilo que ninguém mais viu utilidade. Aquilo que se joga no lixo, que se descarta, que se quer longe. Quando morou na região litorânea, viraram suporte e elementos de suas criações as pranchas de surfe, as raquetes de frescobol descartadas pelos turistas ao final da temporada de férias e as antenas parabólicas desativadas.
Em Campinas, as bandejinhas e as geladeiras de isopor inutilizadas, pedaços de palets, cones de trânsito e embalagens de desinfetante renderam-lhe uma série de obras. Para o artista, o lixo é seu elo de ligação com a rua e, ao mesmo tempo o convite à criação.
“Sempre trabalhei com a rua, sempre tive banda de rap, sempre tive amigos grafiteiros, street performers. No meu trabalho, principalmente agora, a única maneira de conseguir fazer isso em estúdio foi trazer o lixo da rua para o ateliê. A rua é o que me traz inspiração, eu passo na caçamba e olho lá… nossa, isso vai dar algo…”
O colorido e o humor são características marcantes nos trabalhos de Neneco
As garrafas pet - onipresentes e poluentes em todos os lugares - se transformam pelas mãos de Neneco em personagens, palhaços, gatos e indígenas. Ele utiliza, predominantemente, a técnica de papel machê e cria também esculturas em gesso, em cimento, objetos reaproveitando peças de vidro e tudo o mais que aparecer e lhe parecer convidativo.
O colorido e o humor em suas criações - assim como sua presença camarada, própria dos grandes mestres - são características marcantes de Neneco, um artista que transcende suas obras e dedica-se com afinco às relações e interações humanas a partir do encantamento da arte.
“Eu sou uma pessoa muito séria; gosto fazer as pessoas rirem. Tinha uma senhora de 85 anos que ia no ateliê; e eu ficava conversando com a filha dela na cozinha. E a gente ouvia ela rindo e a moça falava: ‘olha minha mãe, ela tá se divertindo muuuuito’. Então, é essa a ideia. Eu penso que o humor, por exemplo, não é das peças. É da pessoa. Tem gente que vem aqui e não vê nada. Acha bonito assim ‘ah que fechadura legal’. Não vê as peças, não vê nada. Já passei por várias situações assim, do tipo do marido perguntar para a mulher ‘o que que a gente veio fazer aqui?’, dentro de um ateliê de um artista, no litoral norte. De onde vem esse marido mesmo? Sabe? Como é que é isso? Então para mim, esse meu humor meio que questiona um pouco isso, porque é um trabalho sério, feito a partir da pesquisa de um monte de coisa: textura, tinta, material para chegar, num resultado que provoque nas pessoas esse tipo de humor, esse tipo de indignação. ‘Como é que pode uma garrafa pet ficar tão bonita?’ E essa é a parte séria minha. E a parte de humor é deixar as pessoas se divertirem e o ateliê é para isso”, explica Neneco.
Neneco Martins vivendo seriamente o barato de levar a arte para todos os lugares. Fotos de Werner Rudhart
Criador e criação: obra de Neneco Martins em um ponto de ônibus na Rio-Santos
Cultivos
No sertão de Camburi, Neneco continuou com a proposta de receber jovens, mesmo sem qualquer apoio estruturado por parte do poder público. Depois de conseguir arrumar o ateliê para receber visitações em Monte Alegre do Sul, a pandemia covid-19 interrompeu o projeto de estabelecer parcerias com as secretarias de educação e cultura dos municípios próximos ao ateliê (Monte Alegre, Socorro e Amparo) para estimular atividades de convívio e visitação.
Esta obra fica ao lado da cama de Neneco Martins e foi criada durante a pandemia e início das dores. O painel traz referência de diversas séries de obras já produzidas por Neneco ao longo de mais de 50 anos de carreira artística
A pandemia por si só já seria um desafio imenso por interromper a interação com pessoas. Durante este período, Neneco começou a sentir espasmos de dores fortíssimas na coluna, nos membros, hipersensibilidade, dificuldade de locomoção e coordenação fina. A investigação clínica (feita a partir de exames caros que conseguiu realizar graças ao apoio de amigos via campanha de financiamento coletivo) concluiu que Neneco tem uma mielopatia, causada por uma hérnia de disco cervical que comprimiu sua medula espinhal.
O artista aguarda o Sistema Único de Saúde (SUS) chamá-lo para a cirurgia e está em busca de tratamentos alternativos com acompanhamento de fisioterapeuta. Porém ainda não conseguiu apoio financeiro para custear este tipo de cuidado permanente. Enquanto isso, improvisa atividades que encara como treinamentos para não perder a memória dos movimentos e não se sentir improdutivo. Vez ou outra, quando as dores lhe dão uma trégua, pega a furadeira, a serra tico-tico ou uma enxada para exercitar-se criativamente e terapeuticamente - o que ele chama de sua fisioterapia.
Neneco foi diagnosticado com mielopatia, causada por uma hérnia de disco cervical que comprimiu sua medula espinhal
Hoje passa seus dias cultivando amizades e tentando viabilizar via leis de incentivo à cultura um livro-catálogo sobre suas obras
Neste período de dificuldades, Neneco vem tentando contato com diversos amigos que cultivou em seus ateliês para nutrir-se, principalmente, de afeto e, na medida do possível, conseguir apoio para os tratamentos tão necessários à sua qualidade de vida. Para ele, os amigos são fruto do cultivo e são a coisa mais importante de sua vida.
“A amizade para mim é tudo. É a segunda coisa depois da arte. A arte sem amigos não serve pra nada, e ter a arte e não ter amigos, não serve pra nada também. Tenho amigos do tempo que era adolescente e até hoje a gente se frequenta e tal. Gosto muito de cultivar. Cultivar cabelo comprido, cultivar amigos, cultivar plantas… sabe? Cultivar amigos é muito legal e amigos estão nessa primeira linha de cultivo.”
Momento de cultivo de amizades de Neneco em sua casa ateliê no sertão do Cacau, em Camburi. Foto do acervo pessoal de Ana Rosa Sanchez da Silva
A bagagem artística e profissional de Neneco Martins inclui trabalhos como cenógrafo, aderecista e diretor de cena em parceria com gigantes das artes cênicas do Brasil. Ele trabalhou com Ismael Ivo (1955-2021), Ulisses Cruz, José Celso Martinez, Sérgio Mamberti (1939-2021), Antunes Filho (1929-2019), Antônio Abujamra (1932-2015), Juca Oliveira, Naum Alves de Souza (1942-2016), Carlos Moreno, Edson Celulari, entre outros, tendo atuado em projetos artísticos nos Estados Unidos, Holanda, Alemanha e Itália.
Seu atual projeto é conseguir viabilizar via leis de incentivo à cultura um livro-catálogo de suas obras para que possam circular e inspirar outros jovens artistas, além da criação de uma fundação ou museu para que suas obras possam ser contempladas.
O cultivo de Neneco Martins
Alguns depoimentos de quem conviveu com Neneco em suas casas ateliês, compartilhado em sua página no Facebook:
Neneco... Nos conhecemos na porta do Teatro Maria Dela Costa, no Dzi Croquettes... Ele, com um sapato coberto de purpurina, um cabelo black power branco, ao lado de Ana Rosa Sanchez da Silva dentro de um maiô anos 50, óculos gatinho de madrepérola... Rsrsrsr... Devo confessar que este encontro foi algo pontual em minha vida. Uma revolução... Ambos meus amores, num território de profundo respeito e admiração..❤ - Abimael Flores
Você é uma Experiência Viva! Te conheci através do George Thomaz e te amei assim que te vi. Sua Arte é inspiradora, crítica e transformadora. Colei de um jeito em ti que você até falava "vai pra praia!" hahahahaha, sempre muito cuidador e um grande professor e artista. Te amo Neneco! Saudades! - Adriana Muniz Retamal Myoden
Nossa Neneco... Não sei se vai lembrar mais meu apelido na época era Denta. Frequentei a casa dele por muitos anos na rua Treze de Maio. Ele nos levava pra vários lugares; sem palavras.Um cara com um coração enorme saudades… Cheff Camargo
Conheci o Neneco em uma viagem que fiz com amigos em comum para Camburizinho no litoral Norte de São Paulo. Na época meu filho Matheus era pequeno e ficou tão impressionado com ele que o desenhava em todas as situações de sua vida e fantasia infantil. Dizia que ele era seu melhor amigo! Fui presenteada com algumas peças de seu trabalho e virei uma grande admiradora.- Magaly Mendonça
Neneco querido... Saudades de ti. Não sei em que ano nos conhecemos, mas lá se vão mais de 25 com certeza. Muitos bons papos e trocas em Camburi... Tantos amigos em comum... E suas casas sempre foram ponto de inspiração e acolhimento e de energia magnética. Afiado, com sua arte e posições pessoais, sempre uma conversa intensa, nunca superficial... Sempre desafiador e hospitaleiro. Estamos longe, mas perto em espírito. Sua arte continua viva em nossas paredes. ❤ - Adriana Meirelles
Eu conheci o trabalho do Neneco quando ele morava no sertão do Cacau em Cambury. Uma vez, fui na casa dele e conheci as obras dele dentro da própria casa. Achei genial... Parecia um museu, igual a casa do Salvador Dali… - Nicolas Marty Nico
Na década de 90, fiquei hospedado na casa do Neneco no Sertão de Camburi. Fiquei fascinado com sua obra! Centenas de esculturas cobriam cada centímetro das paredes e do teto de uma casa escondida no meio da mata. Neneco é um dos super talentos da arte que tive o prazer de conhecer . Te desejo muito sucesso 🙌🎨 - DCastro DCastro
Te conheci na década de 90 quando vim morar aqui. Adorei seu trabalho. Me lembro inclusive de uma geladeira que você tinha pintada com folhas de palmeira. Tempos depois você fez um trabalho sob encomenda com o nome do meu filho Chico. Tudo muito enriquecedor para a cultura da nossa cidade.- Fernando Puga
Conheci o Neneco no litoral norte de São Paulo, primeiro no sertão de Cambury e depois em Boiçucanga. Tomamos muitos cafés juntos, comemoramos alguns aniversários juntos e demos boas risadas! Tive o privilégio de adquirir algumas peças dele que ocupam lugares especiais em casa. - Cintya Jaszczuk
Cecília Gomes é jornalista e atriz.
Ensaio fotográfico de Fabiana Ribeiro.
Edição de vídeo: Lucas Vega.
'Sou só emoção aqui! Lindo e poético texto! Parabéns, e obrigado!! Amalfi