Entrevista Douglas Chaves
Foto de Ricardo Raggi - cena da peça Tão Logo
A ideia surge do encontro, do deslocamento até o outro, da comunhão, se possível alcoólica, entre humanos. Uma conversa despretensiosa, um brindar de copos amistoso, um piquenique num fim de tarde qualquer deste meio de inverno. Convescote: um diálogo interativo, tão simples quanto delicioso, mas impossível nestes tempos sombrios de isolamento. Como todos nessa pandemia nós também nos adaptamos diante do caos e da impossibilidade, por isso nosso “Convescote” continua assim meio de longe, meio sem jeito, mas ainda possibilitando o encontro com o outro, com a sua obra, suas ideias e aflições. Nos adaptando a cada boca, respeitando o fluxo de cada pensamento distinto que nos ajuda a compreender e a defender a arte e a cultura nesse país estraçalhado, seguimos levando a diante a ideia tão necessária quanto urgente de comungar nesse espaço de resistência e expansão vozes que nos ajudam a compreender e desvendar as belezas, as mazelas e o desespero de nosso tempo. Nessa terceira edição conversamos com o dramaturgo, diretor, ator e produtor da Cia Corpo Santo, Douglas Chaves. Aproveitem, como nós aproveitamos:
“O ator criador nasce das impossibilidades”
Apesar de todo estigma e até mesmo de uma certa rejeição que o termo pode causar, a melhor definição a respeito do trabalho desenvolvido pelo dramaturgo Douglas Chaves junto à companhia de teatro Cia Corpo Santo nos últimos quatorze anos é a de multiartista. Chaves é escritor, ator, produtor, diretor, iluminador e “tudo o que for preciso”, como o próprio afirma ao detalhar seu corre. São inúmeras as frentes de trabalhos artísticos e absurdo o acúmulo de funções, todas elas desempenhadas de maneira brilhante por esse artista tão combativo quanto fecundo.
Nascido no interior paulista, na cidade de Jales, o início da carreira de Douglas dá-se na cidade de Sorocaba, onde toma o primeiro contato com o teatro. Ali convive com artistas locais, conhece obras e autores consagrados e constrói, de alguma maneira, parte essencial de sua fundação enquanto homem de teatro. A temporada em terras sorocabanas dura pouco mas tem uma intensidade definitiva no futuro do artista. O vento sopra, sacode, leva a poeira adiante e acaba, algumas vezes, mudando o rumo da embarcação. Acontece.
Pois foi justamente um desses ventos fortes que levaram Douglas Chaves de volta à sua terra natal. Aos 15 anos, enclausurado em uma cidade que sofre, como tantas outras, de uma carência cultural obscena, quase criminosa, o ator amador resolve entrar em movimento:
“Nesse período do retorno a Jales, período que durou aproximadamente dois anos, eu já tinha experiências artísticas vividas em Sorocaba e ao me ver em uma cidade tão pequena, com todas as suas limitações, eu compreendi que era preciso me tornar um ator criador, que se utiliza das poucas possibilidades existentes para criar e que tem a obrigação de realizar seu trabalho de alguma maneira. Eu era tão jovem e ao mesmo tempo tão crente a respeito de certas coisas ligados ao teatro... não sei... apesar de trabalhar apenas como ator na época eu já tinha definido muito bem o que queria realizar, de modo que produzir e criar minhas próprias obras, e até meu próprio espaço, era inevitável. De dentro do meu próprio quarto passei a criar tudo: escrever as peças em que atuaria, pensar iluminação, música, cenário. De certa maneira produzi muito nessa temporada em Jales”.
Outro fato marcante do retorno à sua aldeia foi a descoberta de autores brasileiros que até hoje servem de inspiração e base para o seu trabalho
“Se por um lado tive contato com obras clássicas do teatro na temporada que passei em Sorocaba, no retorno a Jales descubro a dramaturgia de grandes autores brasileiros como Plínio Marcos, Nelson Rodrigues, de quem li todas as peças nessa época, e de Consuelo de Castro, que com sua obra, principalmente o espetáculo A Flor da Pele, talvez tenha sido a minha grande referência em relação à estrutura cênica. Lembro também de uma coleção chamada Teatro da Juventude que me apresentou a um mundo diverso, me possibilitando definir do que eu gostava ou não em relação à estética, estrutura e tal”.
O dramaturgo ainda destaca a importância da Elite, escola Livre de Teatro, em sua formação: “Foi graças a essa escola que tomei conhecimento com essas obras. É importante destacar isso. Aliás, importante também destacar como a escola foi fundamental para o meu desenvolvimento nesse período. Foi um grande prazer tomar contato com a potência da Elite, referência na região, numa cidade tão pequena. Foi uma surpresa... uma grande e boa surpresa dessa época!”.
Foi em Jales também que se deu a sua grande estreia como um “artista das impossibilidades”: “Fui convidado para fazer uma espécie de laboratório dentro da Escola Livre de Teatro de Jales, com a sorte de escolher alguns alunos para desenvolver um trabalho no qual assumi tanto a dramaturgia quanto a direção cênica pela primeira vez”.
Depois da estreia e da deglutição do retorno ao lar, era preciso voar novamente. Douglas monta no lombo de uma ventania e parte para Campinas com a intenção de estudar teatro profissionalmente no Conservatório Carlos Gomes.
Campinas, Conservatório,
Nelson Rodrigues e Jean Genet.
O Conservatório Carlos Gomes é, ainda hoje, a mais tradicional escola de artes da cidade Campinas e historicamente pode ser considerada uma das mais importantes do interior de Estado. Se nos dias atuais a escola sobrevive como pode, na base da persistência, é preciso reiterar que nem sempre foi assim. Nos anos dourados do famoso CONSERVA, como ainda é chamado carinhosamente por seus alunos, a Escola de Artes era responsável por grande parte da programação de espetáculos em cartaz na cidade e abrigava grupos independentes aos montes. Por ali discutia-se música, teatro, arte de rua, artes circenses e o diabo; era um barato! Muitos artistas da região mudavam-se para Campinas para prestar o vestibular da instituição, que à época tinha uma prova de aptidão famosa por sua exigência. Douglas ingressa no Conservatório em sua época de transição: embora não fosse tão exigente e glamoroso como no passado, o Conservatório estava longe do atual presente em que vive modestamente de sua história.
“No Conservatório Carlos Gomes tomo contato com uma quantidade infinita de autores. Através dos seminários da disciplina história do teatro, ministrada por Edson Ortolan, tivemos a possibilidade de adaptar e criar pequenas peças de Édipo e Sófocles, Chico Buarque e Goethe, por exemplo. É ali também que descubro Jean Genet, que a partir de então se tornaria grande inspiração. No conservatório ainda me aprofundo na obra de Nelson Rodrigues, estudando e refletindo sobre”.
É também no Conservatório que Douglas Chaves encara a empreitada de escrever sua primeira peça de teatro:
“No ano de 2006 começo a escrever aquela que considero minha primeira peça pensando de fato em um grupo de teatro. Ela nasce de um exercício, uma tentativa íntima muito inspirada por Ionesco, Genet e o teatro do absurdo. Tudo recém-descoberto. Através desses autores passo a me interessar por essa mistura de realismo e absurdo com temas ditos obscuros como sexo, traições, crimes. A experiência foi um tanto quanto baseada em Nelson também, com suas tragédias cariocas e de certa forma até expressionista. Apesar de nunca ter ido à cena, serviu de base, se transformando através do tempo, para a peça Lugar Incomum, de 2010”.
No mesmo ano de 2006, no imóvel situado à rua José de Alencar, centro de Campinas, a famosa Casa de Chocolate, Chaves encontra aqueles que seriam seus companheiros de fundação da companhia da qual está à frente até hoje: a Cia Corpo Santo. Ao lado das atrizes Ana Amorin e Valentina Castilho, Douglas começa a planejar e definir uma companhia de teatro independente formada por estudantes dispostos a levar as artes cênicas ás últimas consequências:
“A companhia nasce em 2006 dentro do Conservatório com textos clássicos. A partir dos seminários propostos em aulas passamos a trabalhar adaptações para apresentar fora da escola. Alguns exemplos são O despertar da primavera, de Frank Wedekind e Fausto, de Goethe. Nossa última peça pensada e criada no Carlos Gomes foi A Lição, de Eugène Ionesco, peça de nossa formatura que também teve uma história fora de lá. Mas antes disso, também em 2006, dirigi um sola da Ana no Sagrada Doroteia, De Nelson Rodrigues. Acho que hoje posso afirmar que essa foi a primeira peça autoral do grupo. Ficamos com essa peça até 2007 e ganhamos alguns prêmios com esse trabalho. Aliás, foram os primeiiro prêmios da companhia. Em 2009, já formados, começamos a trabalhar com textos autorais que passo a desenvolver. A primeira experiência de dramaturgia dentro do grupo se deu nesse mesmo ano”. A peça é Insônia, premiada no festival de Valinhos no mesmo ano de sua estreia e que conta a história de Carlos, um homem que decide fazer de sua noite de insônia uma grande noite.
A partir de então Douglas passa a escrever de maneira obsessiva e a Corpo Santo passa a produzir espetáculos quase que anualmente, desenvolvendo processos e metodologias próprias em uma aventura de autogestão e ousadia cênica.
“Eu dediquei grande parte da minha vida a esse grupo, saca? A Cia Corpo Santo e o Douglas são a mesma coisa”
A partir de 2006 a Cia Corpo Santo começa a desenvolver seus trabalhos, mas é no ano de 2009, através do primeiro texto autoral colocado em cena, que o grupo passa a escrever uma história realmente própria e a “rascunhar” aquilo que hoje podemos definir como a estética do grupo.
“O trabalho que eu desenvolvo é pensando na Corpo Santo, nos atores que fazem parte disso e acredito que seja um luxo poder escrever e pensar espetáculos contando com esse elenco de amigos, companheiros que admiro e que me entendem como eu os entendo. Temos os mesmo objetivos e isso é um privilégio”
São 14 anos de existência com mais de 12 peças apresentadas ao público, quase todas autorais, em que o grupo desenvolve seu trabalho com foco no ator criador, ligando o atuador intimamente a todo o processo criativo do espetáculo através de pesquisa, jogos e exercício cênicos.
“Quando eu escrevo o texto costumo utilizar um tipo de processo meio próprio onde os autores são co-autores que entram com suas experiências e vivências. Não é um processo de dramaturgia propriamente mas um processo de experimentação. Geralmente trabalhamos em cena, através de exercícios propostos, e eu posteriormente trabalho a dramaturgia para apresentar no próximo encontro e isso inevitavelmente deixa o texto em aberto. No espetáculo Desterrados, por exemplo, alteramos completamente o texto com o decorrer dos ensaios. Aliás, isso é uma caraterística minha, costumo ser muito liberto com minhas criações, corto, retrabalho e deixa de lado se preciso sem nenhum pudor ou piedade. Não pode haver apego com a criação”.
Esse trabalho em aberto pode ser considerado até mesmo uma característica do grupo, como o próprio dramaturgo afirma “as mudanças são naturais dentro do grupo. Muitas vezes transformamos a cena de acordo com a funcionalidade na própria apresentação. Eu sempre digo aos atores que o texto está ali para nos guiar, mas no nosso processo a mudança até da boca do próprio ator é necessária e muito bem-vinda. Preciso dessa liberdade para ter a minha própria liberdade. O norte é sempre a possibilidade e não algo fechado.”
“Em Campinas, como bem disse Tiche Viana, não trabalhamos com temporadas de espetáculos e sim com eventos teatrais”
Campinas está longe de ser considerada um polo cultural. Apesar de ser a segunda maior cidade do Estado, atrás apenas da capital São Paulo, e de possuir uma população de quase um milhão e meio de habitantes, as apresentações de espetáculos por aqui acontecem de maneira bissexta e quase sempre na base da insistência e da peleja, muitas vezes até de forma improvisada. Para se ter uma ideia, a cidade dispões de dois teatros municipais, o Centro de Convivência Cultural e o Teatro Castro Mendes. O primeiro está com as portas fechadas e as veias abertas há anos, amargando promessas de reformas não cumpridas apesar dos gastos astronômicos justificados através de sua conservação não realizada. O segundo também vive com as portas mais fechadas do que abertas. Vez ou outra tem seus refletores acessos para receber uma ou outra atração, geralmente vindas da capital ou algo relacionado à orquestra da cidade. É sem dúvidas um cenário de terror para um grupo como a Corpo Santo.
“Temos 14 anos de estrada, praticamente um trabalho autoral por ano e somos completamente desconhecidos do grande público da cidade. Isso desanima, é claro, mas não pode pautar a nossa existência. Quando falo que desenvolvemos o teatro da precariedade não falo por falar. Somos obrigados a desenvolver nosso trabalho assim, sem o mínimo de ajuda. Não digo nem de questões financeiras, afinal não vivemos de bilheteria e temos cada um do grupo nossos trabalhos de subsistência. Eu falo do mínimo: locais para apresentação, infraestrutura, apoio mesmo”.
Se o trabalho da trupe se dá na base do teatro da precariedade, como define seu fundador, ele tem sido feito com maestria, mas não podemos deixar de esclarecer de que é necessário não apenas o apoio como o incentivo por parte da secretaria de cultura de qualquer município para com seus artistas e grupos. Quanto à questão do reconhecimento do grande público, é evidente que a obra da Corpo Santo, e de Douglas Chaves, fala por si e independe da aprovação de uma burguesia cafona que ainda se orgulha de seu sobrenome de senhor de escravos e tem fetiche por vitrines, manequins e etiquetas. E digo a burguesia referindo-me também à elite artística da cidade, afinal a Cia Corpo Santo transita muito bem pelos pequenos espaços de resistência e encontrou nesses espaços seu público e suas possibilidades.
“Esse teatro das incertezas que costumamos fazer se formou dessa maneira: na falta de dinheiro, de reconhecimento, de apoio. Na base da ocasião faz o ladrão acabamos nos fazendo do nosso jeito. Somos um grupo que se criou num ambiente de incertezas e isso faz parte da nossa história e, portanto, do que somos”.
“Nós, de alguma maneira, continuamos sendo os mesmos. As coisas estão praticamente como sempre foram para nós. Como na educação e na economia, no teatro a pandemia torna clara a desigualdade. De certa forma sempre vivemos essa realidade pandêmica de espaços fechados para os grupos independentes, de falta de verba e de quase impossibilidade de existência. Os grupos independentes sempre estiveram ameaçados, não conheceram essa realidade através da pandemia”
Como todo brasileiro e todo habitante desse planeta destroçado pela ganância do capitalismo, representado por grandes corporações e chefes de Estado tão promíscuos quanto incompetentes, Douglas também foi pego de surpresa pela pandemia que assola o globo desde o fim do ano passado. Para ele, como para tantos artistas, além da clausura foi preciso lidar com a proibição de desenvolver seu trabalho artístico. Espaços fechados, público distante, projetos abortados no útero. Impossível negar que todo ser humano tenta ainda compreender a atual realidade que vivemos enquanto busca desanuviar no horizonte negro um futuro ainda incerto, mas certamente terrível.
“Não acredito em nenhuma mudança por conta da pandemia. Acredito que tudo continuará como sempre esteve, apenas num novo contexto. Nada será como antes? Não sei. Teremos mudanças específicas, é claro, mas o resto permanecerá”.
Sobre as novas possibilidades de apresentação de espetáculos, como o teatro virtual e plataformas como a Sympla, dedicadas a hospedar espetáculos on line, Douglas Chaves recorda o trabalho realizado por sua companhia em 2018. Com o nome de Tentativas, o projeto nasce da vontade de criar um conteúdo novo que extrapolasse os limites do palco e se moldasse às plataformas digitais.
“Criamos o Tentativas com a ideia de dialogar com a própria rede. Hoje, em 2020, a rede se tornou uma realidade absoluta. Não acredito que tenhamos conquistado um público maior ou algo do tipo, mas gostei da possibilidade de explorar um outro tipo de linguagem. Acredito que se as coisas forem voltando aprendemos uma lição que começamos a investigar em 2018, que é a de que o teatro, os atores, diretores e técnicos descobriram que há uma possibilidade de se aproximar do público mesmo que não seja presencialmente, na mesma sala de espetáculos. É teatro? Não é? Estamos testando, entendendo o que é essa linguagem híbrida mas é muito válido ter a possibilidade de assistir espetáculos de casa através de uma plataforma, me comunicando com grupos e pessoas de outras cidades, outros estados e até outros países. Acho importante que isso continue existindo. O teatro sempre foi muito chato com vídeos, gravações e toda novidade tecnológica em geral e vejo que a realidade da pandemia tem mudado isso, coisa que até me impressiona”.
Mas as incertezas não vivem apenas nos estragos causados pelo Covid-19. No Brasil atual, fazendão de homens gordos e sedentos por dinheiro e prestígio, a cultura foi deixada de lado há muito tempo e, recentemente, transformada em chaga.
“Estamos vivendo uma fase complexa, de incertezas não na arte mas na própria vida. Tudo tem me afetado, tudo tem me incomodado em relação a esse governo. Esse cara cria um clima tão pesado, tão hostil, uma melancolia, uma estética do horror mesmo. É o fundo do poço”
Como todo brasileiro que possui um pouco de massa cinzenta e um pingo de empatia correndo em suas veias, Chaves também é inimigo declarado do atual jumento que ocupa o planalto. O desgoverno do miliciano Jair Bolsonaro é uma tragédia travestida de realidade. Apregoando ideias fascistas, sapateando sobre o caixão de quase 100 mil brasileiros mortos por conta de uma pandemia que o ex-capitão insiste em diminuir e desacreditar, Bolsonaro fez da Cultura seu principal ataque e dos artistas, junto aos educadores, seus maiores inimigos.
Douglas no entanto, ao lado de sua trupe, faz questão de exaltar aquilo que o clã Bolsonaro insiste em matar. Em 2019, por exemplo, primeiro ano de mandato do cretino, a companhia estreou Parque Floresta, cuja temática principal é o homem gay.
“Somos ousados mas isso não é defesa, é ataque. Temos uma parceria muito importante com o Cis Guanabara, espaço sempre aberto pelo qual morro de amores, e não tenho pudores em puxar a sardinha pro lado deles. Sobre o tema homossexualidade, uma vez que é parte da humanidade, também apareceu em nossas produções. No entanto, dessa vez, optamos por fazer o caminho inverso. Ao invés de o homem gay ser uma temática aparente, agora ele é o foco, e a sua humanidade é esmiuçada por entre a peça, Selecionamos homens gays, para contar suas histórias gays num ano de governo Jair Bolsonaro. Uma pena termos apresentado o espetáculos apenas duas vezes, tínhamos uma temporada marcada para Abril mas infelizmente tivemos de adiar por conta disso tudo que está acontecendo.
Pronto, já falei demais.”
Foto de Ricardo Raggi - cena da peça Tão Logo
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