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Como assistir a filmes ruins Parte IV

Por Paulo de Tarso Coutinho Vianna de Sousa

Assistir filmes ruins não faz de ninguém um especialista. Mas serve para aumentar o conhecimento da indústria do divertimento (Entertainment).


A suspensão da crença, abordada rapidamente na parte II, é o que nos permite assistir a filmes ou assistir novelas e obras de ficção. Renunciamos à realidade para poder entrar dentro do filme. Acontece que o filme ruim provoca a quebra desta suspensão na medida em que ele propõe algo que foge à lógica. Perceba que muitos filmes - mitologias, super heróis e os ficção cientifica, viagens no tempo, superpoderes naves espaciais voando a velocidade da luz etc. - muitas vezes fogem a lógica, mas eles conseguem manter-se nas premissas cientificas possíveis. Os filmes ruins se tornam risíveis porque não conseguem sustentar a suspensão, esta é uma das razões para que eles caiam na categoria. As más atuações de diretores e atores são outra forma de quebra.


Uma história que não prosperaria nos dias de hoje, Romeu tinha 23 anos, e Julieta 13, seria um escândalo de pedofilia.

Ainda assim é interessante assistir a filmes ruins, eles fazem o contraponto com os filmes considerados bons. E, se repararmos mais finamente, perceberemos que mesmo filmes considerados excepcionais têm seus detratores, fazendo que eles de alguma maneira sejam ruins.


Tenho uma amiga que assistiu a Romeu e Julieta (Zefirelli) 16 vezes (sim, dezesseis vezes) já achei enjoativa uma vez, um exagero romântico. Uma história que não prosperaria nos dias de hoje, Romeu tinha 23 anos, e Julieta 13, seria um escândalo de pedofilia.


Um dos diretores que se tornou o epítome do filme ruim foi Edwin Wood (ver foto abaixo) e sua obra prima Plan 9 From Outer Space. Inventivo, arrogante, transgressor fez de seus filmes uma coleção de temáticas estranhas, feitos com baixíssimo orçamento, utilizando atores decadentes e inexperientes. Sua vida foi biografada no cinema por Tim Burton (um adorador do gênero) com Johnny Depp.



Só um grande diretor e um ator premiado já dão ao gênero o direito da dúvida e uma oportunidade para serem assistidos. Gostemos ou não, os filmes ruins continuarão por aí por muito tempo. Tenham bom proveito!


Paulo de Tarso é arquiteto, artista plástico, artista gráfico e doutorando em artes visuais.


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