Depois de assistir a milhares de filmes, criar o CineReflex (1) e o Cineleitura (2), e ainda fazer uma curadoria no projeto fundado pela Chef Vivi de Moraes, o Cinema na Mesa (3), não me considero um entendido em cinema, talvez um desentendido!
A minha ligação com o cinema vem das facilidades na minha adolescência, a partir dos 13 anos; eu tinha (melhor dizendo, minha família possuía, graças ao meu pai) uma chamada “permanente” que possibilitava o acesso ao cinema quantas vezes quisesse durante o ano todo. Assim o cinema era quase obrigatório semanalmente.
Quando entrei na universidade, havia uma sessão chamada “sessão da meia-noite que acontecia no cine Regente, após a última sessão normal do cinema, ou seja, à meia-noite. Ia até duas da manhã, quando ainda saímos para debater o que havíamos assistido.
Com a introdução do vídeo cassete, nos anos 70/80, a possibilidade de assistir no conforto do nosso sofá aumentou muito. Eu ganhei da locadora próxima a minha casa, que era de amigos do meu irmão, uma outra permanente. Lembro que em apenas um ano assisti mais de 300 filmes.
Mas nada disto me fez um entendido em cinema! Assisti muitos filmes maravilhosos e fantásticos. Embora tenha uma paixão pelos filmes B (4), na minha pós graduação acabei por optar pelo núcleo de multimídia no Instituto de Artes da Unicamp, o que me forçou a estudar um pouco mais o cinema, e deu o fruto da minha dissertação sobre Dante e Ridley Scott, onde faço uma comparação entre a Comédia e Blade Runner (será assunto de um próximo post).
O próprio filme Blade Runner, lançado em 1982, foi um fracasso de bilheteria, somente alcançando o status de filme cult muitos anos depois. Em certa medida, muitos filmes B também trilharam o mesmo caminho. E são, hoje, fruto de culto.
Normalmente me perguntam sobre que filmes eu posso indicar. Sabendo da rejeição a filmes ruins, procuro evitar fornecer esses nomes, o que não vai acontecer aqui. Vamos desenvolver um meio de entender e gostar de filmes ruins!
A continuar...
(1) O CineReflex funcionou de 2011 a 2014 no cinema Topázio do Shopping Prado, em Campinas, em todas as primeiras quintas-feiras do mês.
(2) O CineLeitura ocorreu na Livraria da Vila, no Shopping Galeria, em Campinas, mas infelizmente teve poucas sessões
(3) O “Cinema na Mesa” ocorre duas vezes por mês no restaurante Marupiara, Joaquim Egídio, Campinas, onde faço uma introdução ao filme, falo de curiosidades e destrincho detalhes.
(4) Cinema B é uma forma de identificar os filmes baratos rodados em estúdios secundários e com pouca verba. Segundo a Wikipedia, Filme B é um termo usado originalmente para se referir a filmes de Hollywood destinados a serem a "outra metade" de uma sessão dupla, que geralmente apresentava dois filmes do mesmo gênero (faroeste, gangsters ou horror).
Paulo de Tarso é arquiteto, artista plástico, artista gráfico e doutorando em artes visuais.
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